Dívida como Investimento

Dec 22, 2023

Aconselhamento financeiro

Recentemente, fui contactado por um casal que me pediu aconselhamento financeiro. O casal tinha 20.000€ disponíveis para investir e queriam saber quais as melhores opções para a sua situação.


Análise do caso

Inicialmente, comecei por tentar perceber se o casal tinha conhecimento dos princípios do planeamento financeiro:

1. Ter consciência dos fluxos financeiros normais do dia-a-dia;

2. Orçamentar todas as despesas;

3. Defenir objectivos/metas para o investimento;

4. Garantir investimento contínuo.

Como normalmente acontece, revimos e identificamos todos os itens da lista anterior e prosseguimos com a discussão.

Este jovem casal tinha conseguido acumular 20.000€ em poupanças para além do seu fundo de emergência e, estava ansioso para se iniciar num plano de investimentos. 

O passo seguinte foi identificar o perfil de investidor. Como também acontece de forma frequente, os membros do casal tinham diferentes níveis de tolerância ao risco. Nestes casos prefiro dar espaço para que seja o casal a encontrar o seu equilíbrio e trabalhar sobre a decisão. Concluíram que queriam manter um perfil de baixo risco.


A dívida como objecto de poupança

Após uma análise ao orçamento familiar e às finanças do casal, descobri que o casal tinha um crédito à habitação de 250.000€, com um prazo de 30 anos e uma taxa de juro de 2%. A prestação mensal do empréstimo era de 1.200€.

Avaliando as diferentes opções de investimento, propus que falassem com o banco onde tinham o crédito à habitação, com o objectivo de simular uma negociação de taxa de juro no caso de realizarem uma amortização de capital.

A renegociação do crédito

No encontro seguinte, o casal estava muito animado com a simulação feita no banco.

Com uma amortização de 20.000€ e uma negociação da taxa de juro, conseguiriam reduzir a sua prestação mensal para cerca de 900€, o que representaria uma poupança de, aproximadamente, 300€ por mês.

Além disso, o casal acabaria por pagar o empréstimo mais cedo, o que lhes permitiria libertar mais capital para outras despesas ou investimentos.

Questionaram-me se haveria um investimento mais rentável, respondi que, dentro do perfil de risco que me indicaram, eu não conhecia uma investimento que oferecesse melhor retorno. Apenas mencionei que, no caso de seguirem com esta alternativa, ficariam sem os 20.000€ disponíveis, o que no caso de outro tipo de investimento (como certificados de aforro por exemplo) não aconteceria. Porém, para o caso específico, a minha recomendação seria avançar com a amortização.


Decisão

O casal ficou bastante satisfeito com esta opção e decidiu levá-la a cabo. Eles perceberam que a amortização do crédito à habitação era a melhor forma de rentabilizar os seus 20.000€, uma vez que lhes permitiria reduzir as suas despesas mensais e libertar mais capital mensal para investir no futuro.

A reter:

A amortização do crédito à habitação é uma excelente opção para quem tem poupanças disponíveis e é pouco tolerante a investimentos de risco. É uma forma de reduzir as despesas mensais, libertar capital e pagar o empréstimo mais cedo.

Aqui estão alguns benefícios da amortização do crédito à habitação para quem é pouco tolerante a investimentos de risco:

  • Reduz as despesas mensais.
  • Liberta capital para outras despesas ou investimentos.
  • Paga o empréstimo mais cedo, o que pode reduzir o montante total a pagar.

Talvez no seu caso, esta também possa ser uma boa opção!